Traímos quem realmente somos e nem nos apercebemos disso

Muitas vezes, o stress, a ansiedade e a depressão não são sentimentos aleatórios, acontecem quando há uma desconexão entre quem realmente somos e a forma como agimos.

Encontras paz e energia quando a vida exterior corresponde ao teu eu interior, mas como ser realmente autêntico se vivemos em sociedade?

Podes encontrar equilíbrio entre o quem realmente és e o que esperam de ti. 

Para isso sugiro primeiro redescobrir e reconectar com o teu verdadeiro eu, só depois consegues gerir este equilíbrio delicado.

Stress, ansiedade e depressão são causados quando ignoramos quem somos e começamos a viver para agradar outros

Quando deixamos de viver de acordo com as nossas verdadeiras necessidades, valores, sonhos e crenças e, em vez disso, começamos a comportar-nos apenas para corresponder às expectativas das outras pessoas, procurar a sua aprovação ou evitar o seu julgamento, perdemos a nossa ligação connosco próprios.

A divisão entre o nosso eu autêntico e a máscara que colocamos cria tensão interna. 

Com o tempo, esta tensão pode manifestar-se como stress (porque estamos constantemente a pressionar-nos), ansiedade (porque temos medo de ser “descobertos” ou rejeitados) e depressão (porque nos sentimos presos, insatisfeitos ou invisíveis).

Quando há uma grande diferença entre quem realmente somos (eu real) e quem achamos que devemos ser para agradar aos outros (eu ideal), isso cria incongruência, e a incongruência leva à ansiedade, à insegurança e até à depressão.

Ignorar quem realmente somos drena a nossa energia emocional, deixa-nos perdidos, aumenta os níveis de stress e a ansiedade, porque, no fundo, sabemos que não estamos a ser verdadeiros connosco próprios.

Quanto mais agimos de forma que vai contra as nossas reais necessidades e desejos, mais angustiados e infelizes nos sentimos.

Experimentamos “ansiedade existencial” quando não vivemos em alinhamento com o  verdadeiro eu. 

Quando mentes a ti próprio para te encaixar em papéis sociais, trais a tua própria liberdade e autenticidade, e isso cria um profundo sofrimento interior.

O desespero vem de “não sermos nós próprios”, de perder a individualidade no meio da multidão.

Se abandonares o teu verdadeiro eu para perseguir a aprovação de outras pessoas, acabarás por te sentir ansioso, stressado e deprimido porque não estarás a viver a tua própria vida – estás a executar um guião escrito por outra pessoa.

Quando vives de acordo com as expectativas dos outros em vez da tua própria verdade, estás constantemente em guerra contigo mesmo, e isso traz stress e ansiedade. A verdadeira paz, energia e felicidade surgem quando a tua vida exterior corresponde ao teu eu interior.

Tanto os níveis de stress como a ansiedade melhoram quando vivemos de forma mais autêntica, quando a nossa verdade interior corresponde às nossas ações exteriores. 

Check in do verdadeiro Self

1.º Encontra um Espaço Silencioso

Senta-te num lugar tranquilo, onde não sejas interrompido. Fecha os olhos, se ajudar.

2.º Faz Três Perguntas a Ti Mesmo:

“O que é que eu realmente quero agora?” (não o que deverias querer, o que realmente desejas)

“Em que momento da minha vida estou a fingir?” (relacionamentos, trabalho, amizades – em que ponto não estás a ser verdadeiramente tú?)

“O que faria eu se não tivesse medo de desiludir ninguém?” (isto geralmente revela a versão mais pura dos seus sonhos e de ti mesmo)

3.º Observa os Sentimentos que surgem

Ao responder, repare onde sentes tensão ou alívio no teu corpo.

O alívio geralmente sinaliza verdade. A tensão geralmente sinaliza supressão.

4.º Toma Uma Pequena Ação Autêntica

Escolhe uma pequena coisa que possas fazer hoje que honre oteu verdadeiro eu.

Pode ser tão simples como:

Dizer “não” a algo que não se quer fazer; Expressar a tua opinião honestamente; Dedicar tempo a um hobby que adoras; Estabelecer limites; …

Ser autêntico requer equilíbrio

Abandonar o verdadeiro eu em troca de aprovação externa causa sofrimento, que se pode manifestar em stress, ansiedade ou depressão.

A saúde mental e a autenticidade estão relacionadas, mas nem sempre é uma questão de causa e efeito. 

Não quero correr o risco de simplificar demasiado as causas de problemas complexos de saúde mental, pois a depressão clínica e as perturbações de ansiedade podem ter origem em genética, neuroquímica, trauma ou fatores ambientais.

Aqui procuramos apenas ponderar como escolher viver de acordo com os nossos valores internos pode atenuar sofrimento desnecessário.

O condicionamento social

Se o stress deriva de agradar aos outros, então a própria sociedade pode ser uma fonte de sofrimento.

As sociedades “treinam” os indivíduos para se conformarem, através de normas, expectativas e papéis.

Pondera: o quão profundamente as lutas mentais estão enraizadas no que os outros esperam de ti.

O Paradoxo da Ligação Humana

Somos seres sociais e as relações exigem compromisso, empatia e, por vezes, fazer coisas pelos outros.

Mas se adaptar-se constantemente para agradar aos outros compromete o “verdadeiro eu”, viver plenamente para si próprio pode isolar-nos.

Questiona: como posso equilibrar a autenticidade com a harmonia social?

Desafia as definições de sucesso

Num mundo onde o sucesso é frequentemente medido por métricas externas como riqueza, estatuto, gostos e aparências, desejar viver de forma autêntica é quase radical.

Pondera: o que é mais valioso para ti neste momento? O alinhamento pessoal ou a validação externa?

As crianças aprendem cedo a trair o seu “eu”

As crianças aprendem rapidamente a agradar aos pais, professores e colegas para serem aceites. É uma questão de sobrevivência.

Se este comportamento persistir sem reflexão interna, pode preparar o terreno para o stress, a ansiedade ou até mesmo a confusão de identidade na idade adulta. 

Obsreva: como ou se as primeiras experiências de procura de aprovação ainda persistem na idade adulta.

Tradições espirituais e filosóficas

Muitas tradições espirituais e filosóficas, do budismo ao estoicismo, fazem eco deste tema:

Pondera: “O sofrimento surge do apego, identidade ou aprovação.” 

“A validação externa está fora do nosso controlo, e preocuparmo-nos demasiado com ela convida ao sofrimento.”

Procura o TEU equilíbrio entre viver de forma autêntica e em sociedade

Como colocar em prática

Reconectar-te no dia a dia

🌅 Manhã (5 a 10 minutos no total)

– 2 min: Respiração profunda. 

Define uma intenção pessoal: Ex “Hoje, vou ser honesto comigo mesmo.”

– 3 a 5 min: Nota mental:

Como ser fiel a mim próprio hoje? (uma palavra ou frase é suficiente)

🏙️ Durante o dia (momentos não programados)

– Antes de dizer “sim” ou de te comprometer com o que quer que seja, pergunta: “Isto está a honrar as minhas necessidades reais ou estou a agradar a alguém?

Não precisas de mudar tudo, basta observar. A consciência, por si só, é poderosa.

– Escolhe 1 ação autêntica:

Exemplo: Falar honestamente numa reunião, fazer uma verdadeira pausa para o almoço, escolher aquilo que te agrada.

🌇 Noite (5 a 10 minutos)

– 2 min: Pergunta a ti próprio:

Onde ou como é que hoje fui fiel a mim mesmo?

Onde me contive? 

O que aprendi?

– 3–5 min: Gratidão ou registo no diário:

Agradece a ti os pequenos passos ou vitórias, pois celebrar pequenas vitórias cria impulso.

🌟 Desafio da Semana do Verdadeiro Eu 🌟

Cada dia tem um tema pequeno e simples e uma pequena ação para te reconectares com o teu verdadeiro eu e quebrar o ciclo de stress e ansiedade.

🧡 Dia 1 – Domingo da Sensibilização

Tema: Observar sem julgar.

🔹 Ação: Ao longo do dia, basta observar quando está a agir por desejo verdadeiro ou apenas para agradar aos outros.

Observa apenas.

🎨 Dia 2 – Segunda-feira da Autenticidade

Tema: Expressa algo real.

🔹 Ação: Diz honestamente algo que pensas ou sentes. Começa por pequenas coisas, mesmo que pareçam insignificantes têm o poder de te fazer sentir autêntico.

Exemplo: “Estou realmente muito cansado hoje.” ou “Adoro esta música.”

🌿 Dia 3 – Terça-feira dos Limites

Tema: Proteja a tua energia.

🔹 Ação: Diz um “não” atencioso ou estabelece um pequeno limite hoje.

Exemplo: “Não posso ficar até tarde hoje.” ou “Preciso de um tempo de silêncio.”

🎶 Dia 4 – Quarta-feira da Felicidade

Tema: Faz algo que seja 100% para ti.

🔹 Ação: Passa pelo menos 10 minutos a fazer algo que adoras só porque te traz prazer.

Exemplo: Desenha, dança, caminha, escreve, cozinha – o que te inspirar.

🔥 Dia 5 – Quinta-feira da Coragem

Tema: Escolhe a coragem em vez do conforto.

🔹 Ação: Toma uma pequena atitude corajosa que reflita o teu verdadeiro eu.

Exemplo: Fala abertamente, partilha uma ideia, experimenta algo novo.

🌸 Dia 6 – Sexta-feira da Autocompaixão

Tema: Ama-te tal como és.

🔹 Ação: Repara quando és duro contigo e em vez disso fala contigo como falarias a um amigo querido.

Experimenta ser gentil contigo.

🌟 Dia 7 – Sábado de Reflexão

Tema: Celebra-te.

🔹 Ação: Escreva ou pensa em 5 formas como te honraste esta semana – mesmo as mais pequenas contam.

Exemplo: “Eu disse não uma vez.” “Partilhei a minha verdadeira opinião.” “Descansei sem culpa.